Espaço localizado no Parque da Gruta Santa Luzia valoriza e difunde a cultura dos povos originários
O Parque Ecológico da Gruta de Santa Luzia, coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Mauá, abriga uma área de Mata Atlântica preservada, com flora e fauna características. Desde 19 de abril de 2025, o local conta com a Oka dos Saberes Indígenas, centro cultural de 44 m² destinado à valorização da diversidade de saberes e vivências dos povos originários, promovendo compreensão social, espiritual e cultural.
Na sexta-feira (19/09), a Oka recebeu participantes do programa “Mauá com Elas”, desenvolvido pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. O encontro teve como objetivo integrar a cultura indígena com a difusão de informações sobre cidadania e o combate à violência contra a mulher. Estiveram presentes visitantes do parque, integrantes do Conselho Municipal da Mulher, do Grupo Mulheres em Ação, da Patrulha Maria da Penha e servidores municipais, que participaram de uma roda de conversa.
A atividade foi conduzida por Maura Akã Mbareté Guaianá-Muiramomi, coordenadora técnica de atividades da Oka; Silvia Monica Muiramomi, coordenadora de curadoria e pesquisa; e pela secretária de Políticas Públicas para Mulheres, Cida Maia. A programação começou com uma cantoria de roda em exaltação à paz e à harmonia. Na sequência, os participantes conheceram mapas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) sobre territórios indígenas no Brasil.
Durante a conversa, Maura compartilhou sua trajetória de vida, marcada pelo racismo e pela discriminação. Ela explicou que o processo de autoconhecimento e a pesquisa sobre sua genealogia — realizada em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) — levaram ao reconhecimento de suas origens indígenas, vinculadas ao povo Guayaná-Muiramomi, que inclui os caciques Tibiriçá e Piquerobi. “Ao descobrir minha identidade indígena, mudei a forma de ver a vida e não aceito mais o desrespeito e o preconceito”, afirmou. Silvia também contou ter identificado suas raízes indígenas a partir da história da avó, Emília Corrêa, nascida em 1910, e relatou que ambas descobriram parentesco por meio dessas pesquisas.
Silvia destacou ainda que a tribo construía casas subterrâneas, por motivos de equilíbrio térmico, proteção contra animais e defesa contra ataques de tribos inimigas. “As informações históricas nos chegam pela tradição oral, transmitida de pai para filho”, explicou.
O grupo voltará a se reunir na próxima terça-feira (23/09), às 9h30, para o plantio do Ipê Roxo “Viva Maria”, árvore que simboliza a luta das mulheres por igualdade. O ato será realizado às margens do Córrego Pedreira Santa Luzia, na Rua Hermínio Pegoraro, 1486, Jardim Itapark. A ação será conduzida por Maura, em parceria com profissionais do Centro de Referência de Atenção à Mulher (CRAM), que desenvolvem trabalho socioeducativo voltado à prevenção e ao combate da violência contra a mulher.
Essas iniciativas estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 11 (Cidades e comunidades sustentáveis), ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima), ODS 14 (Vida na água), ODS 15 (Vida terrestre) e ODS 17 (Parcerias e meios de implementação).