FOTO: DIVULGAÇÃO/GLOBO
A novela "Vai Na Fé" abre diálogos profundos sobre diversidade, igualdade e religião, transcendendo o entretenimento
A novela "Vai Na Fé" revelou-se uma obra notável ao transcender o entretenimento convencional e se transformar em um veículo eficaz para a discussão de questões públicas e sociais. Num país onde mais da metade da população, cerca de 56%, se identifica como negra e aproximadamente 30% segue a fé evangélica, a trama dessa novela ganha uma ressonância profunda, convidando-nos a refletir sobre as interseções desses elementos culturais.
Este artigo tem como objetivo explorar a influência multifacetada da novela "Vai Na Fé" ao lançar luz sobre tópicos cruciais, como diversidade, desigualdade, religião e igualdade. Mais do que apenas uma narrativa fictícia, a trama emerge como uma força motriz para o diálogo público, ampliando o entendimento sobre a importância da equidade em um cenário político onde vozes de homens brancos ainda predominam.
A diversidade é um pilar essencial da novela, destacado pela maioria do elenco composta por atores negros. As protagonistas, notavelmente mulheres negras, habitam em uma comunidade do Rio de Janeiro e personificam a tenacidade exigida para conquistar espaço em uma universidade renomada. Sua jornada ecoa em ressonância com inúmeras histórias brasileiras de indivíduos que enfrentam desafios similares em busca de afirmação social. A trajetória da personagem Sol, interpretada pela talentosa Sheron Menezes, personifica essa luta ao evoluir de uma vendedora de quentinhas para a empreendedora por trás de um restaurante, ilustrando a resiliência e a superação características de muitos cidadãos, além de atingir o seu maior sonho de ser cantora.
A questão religiosa também ganha destaque na novela, ilustrando a importância do respeito mútuo entre diferentes crenças. A relação entre Sol, uma evangélica, e seu parceiro Ben, adepto do candomblé, culmina no casamento de ambos, marcado por uma celebração que honra e respeita ambas as religiões. Esse encontro amoroso e respeitoso nos lembra da importância de abraçar as diferenças e reconhecer a validade de diversas perspectivas.
Além disso, "Vai Na Fé" ousou abordar temáticas sensíveis, como abuso sexual, violência, racismo, diversidade religiosa e relações homoafetivas, contribuindo para uma discussão ampla e profunda sobre questões que permeiam a sociedade contemporânea.
Apesar das potenciais divergências e polêmicas que possam surgir, o sucesso da novela ressalta sua influência significativa no cenário público. É crucial, agora mais do que nunca, fortalecer o papel social, reconhecendo as lutas e conquistas da comunidade negra. Escrever este texto é uma honra, impulsionada pela crença inabalável na igualdade, mesmo em face de um racismo ainda latente. Neste contexto, a resistência e a união coletiva desempenham um papel vital para promover a mudança necessária.
Ao final, devemos reconhecer e celebrar o êxito da novela, expressando nosso apreço a todos os envolvidos, em especial à autora Rosane Svartman, por sua maestria em abordar temas delicados com sensibilidade e razão. "Vai Na Fé" ultrapassou os limites tradicionais de uma novela, emergindo como um instrumento crucial para o engajamento em debates públicos que abrangem uma miríade de questões, incluindo a formulação de políticas públicas em diversas áreas. Ao contemplarmos essa narrativa, somos convidados a refletir e agir em prol de uma sociedade mais inclusiva, justa e solidária.
GERSON MOURA - COLUNISTA POLÍTICO
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