Equipe da unidade mobilizou esforços para identificar paciente em estado grave e possibilitou reencontro com a mãe após mais de 10 anos sem contato
Santo André, 13 de julho de 2025 - A equipe da UPA Central de Santo André recebeu recentemente um paciente que mudaria a rotina da unidade. Trazido pelo Samu, ele chegou sem documentos, sem identidade confirmada e após ser encontrado em via pública em meio a uma crise convulsiva. Apresentava sinais de rebaixamento de consciência e baixa saturação de oxigênio. Diante da gravidade do quadro, a equipe médica realizou intubação orotraqueal imediata, sem intercorrências, garantindo a estabilização do paciente.
O homem chegou à UPA Central no dia 30 de junho e, no dia seguinte, já com o quadro clínico sob controle, teve início outra etapa do cuidado: a busca por sua história. A assistente social Marisa da Silva Mendonça iniciou o acolhimento com sensibilidade e empenho. Utilizando o sistema do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (iiRGD), ela se dedicou a identificar aquele homem e, mais do que isso, tentar reconectar vínculos que o tempo e as circunstâncias haviam rompido.
Após três dias de tentativas e cruzamentos de dados, em 3 de julho veio a confirmação da identidade do paciente, que se chama Alexandre Luiz de Alcântara, de 49 anos. E, com ela, a chance de reconstrução: Marisa conseguiu localizar a mãe dele, Jupiara Bueno de Alcântara, moradora da cidade de Francisco Morato, na Grande São Paulo. Emocionada ao telefone, ela revelou não ver o filho há mais de 10 anos. Entre lágrimas, prometeu: “No domingo eu estarei aí para buscá-lo”.
A promessa foi cumprida. Na manhã de 6 de julho, às 9h30, ela chegou à UPA Central acompanhada da irmã. O reencontro foi profundamente comovente. Mãe e filho se abraçaram longamente, como quem tenta, num único gesto, recuperar os anos perdidos. Ela contou que o homem é pai de cinco filhos, hoje adultos e casados – todos com o nome do pai como parte de seus próprios nomes. “Quando ele partiu, os filhos ainda eram pequenos. Hoje, eu já sou avó”, disse, com os olhos marejados de alegria.
Para Rosângela Maza, gerente da UPA Central, esse episódio reforça o verdadeiro papel do serviço público. “Esse caso nos lembra por que escolhemos trabalhar com saúde pública. Não se trata apenas de prestar atendimento clínico, mas de olhar para cada pessoa com empatia e humanidade. Toda a equipe da UPA se mobilizou para garantir o melhor cuidado possível – desde o momento em que o paciente chegou até o reencontro com a família. Ver mãe e filho se abraçando depois de tanto tempo foi um presente para todos nós”, afirma.
Com os olhos cheios de esperança, a mãe deixou a unidade levando o filho para casa. Levava também consigo a certeza de uma nova oportunidade – um recomeço para ele e para todos que o amam.
O secretário de Saúde, Pedro Seno, também destacou a importância da humanização no atendimento. “Histórias como essa mostram que a saúde é feita de pessoas, para pessoas. É gratificante ver o empenho de uma equipe que vai além do protocolo, que enxerga o ser humano por trás do paciente. A UPA Central é um exemplo do que acreditamos para a saúde em Santo André: um cuidado integral, sensível e comprometido com a vida em todas as suas dimensões”, conclui.